Dia da Mulher
Poesia, Pintura e Arte, pelas mulheres de ontem, de hoje e de amanhã
Rosina Cadima
Eugénia Brito
Entretanto, morre-se
De casar culpa e paixão
De promessas de nunca mais
Juras de não repetição
De “não volta a acontecer”
Morre-se de não dizer
E
De escadas escorregadias
De escoriações acidentais
De vizinhos de ouvidos moucos
E mais atitudes boçais
Morre-se de morrer aos poucos
Morre-se de um frugal almoço
Ou de uma festa, um alvoroço
Morre-se inebriado de aromas
Ou de um ataque de ciúmes
E de uma lua-de-mel
Para esconder azedumes
(ou até hematomas)
Num eterno retorno ao fundo do poço
Às vezes, quem sobe, sem dar por nada
Morre de uma queda na escada
Morre-se de silêncio, de vergonha
E de paixões escondidas
Morre-se de um estigma de amplitude medonha
Morre-se de um macho de peito inchado
De um corno embriagado
De não meter a colher…
No meu país, é este o fado:
Morre-se só de ser mulher.
Eugénia Brito
Maria Lucena
Maria Lucena
Céu Sousa
Mulher pode ser poesia
Se ela quiser…
Pode ser uma flor
Um livro
Uma melodia,
Mulher pode ser magia
Mas só, se ela quiser!
Mulher pode ser sossego
Se ela quiser…
Pode ser uma manhã
Uma noite
Ou mesmo um dia,
Pode ser a ventania
Mas só, se ela quiser!
Mulher pode ser o tempo
Se ela quiser…
Pode ser a madrugada
O pensamento,
O futuro ou o passado
Ou pode ser o momento
Mas só, se ela quiser!…